Garimpeiros incendeiam aldeia no Pará em resposta a ação da PF

Sinopse

Ataque à casa de Maria Leusa, líder Munduruku, foi após ação da Polícia Federal contra garimpos ilegais nas Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, no sudoeste do Pará.

Garimpeiros em operação ilegal no Pará atacaram a tiros e incendiaram a aldeia de uma líder dos Munduruku. O ataque destruiu a casa de Maria Leusa, que também teve sua luz e internet cortadas. De acordo com o relato de moradores da região, os homens ameaçam subir o rio Kururu até a Aldeia Santa Cruz, para atacar Ademir Kaba, liderança local que luta contra a presença dos garimpos na região.

O ataque é em resposta a uma ação da Polícia Federal (PF) contra garimpos ilegais nas Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, no sudoeste do Pará. Coordenada pela PF, a ação teve participação da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Ibama e da Força Nacional. No total, 134 agentes de segurança e de fiscalização participaram. Também foram empregados helicópteros e veículos 4×4.

Na manhã desta quarta-feira (26), garimpeiros foram às ruas protestar e fecharam o município de Jacareacanga. Nos últimos dias, a corporação intensificou o cerco contra a mineração na região.

Outra manifestação foi marcada para a tarde desta quarta-feira. Dessa vez, no município de Itaituba, também no Pará. Na imagem usada para divulgar o ato, entre as informações aparece a sentença: “Garimpeiro não é bandido”. Em áudios que circulam nos celulares dos moradores da região, os garimpeiros explicam o protesto.

Os policiais reagiram com bombas de gás lacrimogêneo. Ninguém foi preso. A PF informou que fez um sobrevoo na área e identificou os pontos de garimpo ilegal.

O balanço da operação, que foi iniciada nesta terça-feira (25), ainda não foi divulgado.

Os crimes investigados são de associação criminosa, exploração ilegal de matéria-prima pertencente a União e delito contra o meio ambiente.

No último dia 13 de maio, a Polícia Federal prendeu Gilson Spier, conhecido como Polaquinho, acusado de manter um esquema para extração ilegal de ouro na Terra Indígena Munduruku. Ele é filiado ao DEM de Jacareacanga desde 5 de outubro de 2011.

O garimpo ilegal em terras indígenas causa graves danos ao meio ambiente por causa de produtos químicos usados para encontrar metais preciosos e ainda provoca a poluição de rios e lençóis freáticos. Também cria problemas sociais na região, especialmente os confrontos entre garimpeiros e indígenas.

Povo de tradição guerreira, os Mundurukus dominavam culturalmente a região do Vale do Tapajós, que nos primeiros tempos de contato durante o século XIX era conhecida como Mundurukânia, e daí se extraiu o nome da operação.

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