Gestão Integral

                  Você deve estar se perguntado. O que é Gestão Integral? É o que podemos corriqueiramente falar de Administração Estratégica, e mais recentemente Gestão Estratégica. Mas então qual é mesmo sentido dessa denominação?

                  São três os fatores que chamo atenção. Direcionado a pequenos e médios empreendedores, bem como organizações não governamentais e outras associações comunitárias. Primeiro a dificuldade de implementar as experiências das grandes corporações aos médios e pequenos; segundo é a de pensar a organização ou instituição como um todo; por último, como decorrência das demais, a necessidade de profissionalizar a gestão seja dos grandes, médios e pequenos.

                  As estratégias são difundidas e estudadas na grande maioria dos casos a partir da vida das grandes organizações. Aquelas que sobrevivem no mercado ao longo tempo. Os grandes líderes enaltecidos em filmes, livros bibliográficos, são notícia de jornal. São propagados como modelos de estrategistas. Que fizeram pequenos sonhos e bibocas transformarem-se em corporações multimilionárias.

Ocorre que estas empresas somam em quantidade a 20% do número de organizações existentes. O que já acredito ser um dado superdimensionado. Significado que devem ser tratados como casos. Não necessariamente, e dificilmente, copiados.

De outra forma ao mesmo tempo em que estes impérios econômicos são em número menor, no caso do domínio econômico se inverte. Ou seja, o número de grandes é muito menor do que pequenos e médios, entretanto o domínio econômico destas é infinitamente maior.

Então essa linha de raciocínio nos permite inferir que a capacidade financeira de dar respostas aos desafios de existir das organizações é infinitamente maior. Melhor dizendo, capacidade financeira não é sinônimo de boa gestão, mas é evidente que se a capacidade financeira for maior, e nesta situação analisada é muito maior, profissionalização na busca de resultados e diretamente proporcional.

Então, as dificuldades do pequeno e do médio empreendedor de resistir às adversidades são de risco diferenciado e elevado. Essa diferença de magnitude dos problemas enfrentados e capacidade de enfrentamento levam necessariamente a adequações de método que necessitam de um olhar refinado. Caso contrário seria o mesmo que dizer que o que serve para uma organização encaminha outra qualquer ao mesmo sucesso. Evidente que a premissa é falsa. Servirá no máximo como balizamento. Não evitará em caso algum ajustamento de estratégia e gestão diferenciado ao caso.

Segundo, a necessidade de pensar a organização em sua totalidade é condição de sucesso de longo prazo. De novo, a condição dos grandes casos de sucesso é diferenciada. Seus gestores são capacitados ao longo de muitos anos com forte investimento financeiro. Nos próprios quadros internos ou selecionados externamente a fim assegurar a sobrevivência organizacional no mercado.

Já o pequeno e médio empreendedor é “formado a facão” no jargão de recursos humanos. Ou seja, é caminhando que se faz o caminho. Ou ainda, abrindo caminho na mata do jeito que dá. Evidente que a busca de formação e preparo para administrar empresas mudou muito. Mas não tanto quanto necessário.

Gestão da estratégia, gestão financeira, planejamento, marketing, marketing digital, recursos humanos, logística, etc., dizem respeito a uma organização. Tenha ela dez, vinte, trezentos ou mil funcionários. Então não é por que tenho dez funcionários que não tenho que me preocupar com gestão de recursos humanos por exemplo. Ou me contentar se faço como aprendi com meu pai, minha professora, minha mulher, etc.

Entramos no terceiro ponto, que é a necessidade investir em formação para entender de tudo na sua organização. Não necessariamente de maneira específica, mas no mínimo de maneira genérica. Abandonar o “facão”, o “é errando que se aprende”. Trocar a gestão artesanal pela gestão integral. É entender de estratégia, entender de finanças e recursos humanos, desenvolver-se individualmente como gestor, não entregar a gestão de recursos humanos para terceiros ou ao departamento responsável. Para delegar tarefas é necessário entender a tarefa que está sendo delegada.

Concluindo, diria que o interesse desse texto é de problematizar o fato de que aprendemos não para copiar, mas para criar.

Pensando o todo como no xadrez. Quando tu movimentas uma peça dentro de uma organização tem que pensar em todas as peças, caso contrário à jogada é fadada ao fracasso.

Por último, um artista plástico não joga tintas em uma tela e diz que é arte. Não é improviso. É criação. Estudou muito para colocar amarelo, vermelho e azul na mesma tela. Nem mesmo artesanato é improviso. Por que gerir nossas organizações improvisando?

 

Fabrício Rocha

Diretor da INOVAR – Gestão e Solução Organizacional

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