Políticas de autossustentabilidade: um desafio aos movimentos sociais

Por Fabrício Rocha

O ataque conservador aos direitos sociais de toda espécie, seja de classe ou identitários, tem por objetivo uma estratégia perversa de sufocar os movimentos sociais em todo o seu espectro de representatividade. Um duplo movimento é a asfixia financeira, de onde só o próprio movimento organizado poderá sobreviver se autofinanciando.

Sinônimos de sufocar são: afogar, abafar, esmagar, debelar, reprimir, conter, refrear, asfixiar, estrangular e vencer. O retrato desta mecânica gutural tem por objetivo vencer. Vencer os movimentos sociais organizados, trabalhadores e trabalhadoras, ou raça e gênero, sem-terras e sem moradias, que são vistos como ameaças à organização social, não tem sentido pudico, mas sim de impor o pensamento único do mercado acima de todos.
Os assim nominados politicamente corretos, contrários a piadas homofóbicas e machistas, contrários a piadas racistas, defensores do meio ambiente, contrários à exploração do homem/mulher pelo homem/mulher, que acreditam na diversidade estão criminalizados na esteira da criminalização da política partidária, amplamente articulada pela elite brasileira e seus capachos. Toda forma de organização social que não diga respeito ou contrarie as leis de mercado, e que possa ser resistente a esse processo perverso de dominação é vista como criminosa e comparada ao terrorismo.

Evidente que o Estado brasileiro e seus políticos de maneira geral, em maior ou menor grau de envolvimento, demonstraram no último período os meandros de uma privatização silenciosa dos interesses nacionais, quando as riquezas nacionais, eram negociadas em situações escusas. Esse fato não diz somente das limitações humanas, mas reforça a tese de que o mercado é poderoso. O mercado e suas ofertas de poder e dinheiro corrompe. Há quem diga, e eu sou adepto da ideia, e existem teses a esse respeito, que a corrupção é inerente às leis de mercado. Todas as sociedades são suscetíveis em maior ou menor grau a processos corruptivos.

Além disso, parece óbvio o fato de que imposto compulsivo aos trabalhadores e trabalhadoras, demonstra o estado de despolitização de uma classe que não vê sentido em financiar sua organização. Porém, se o Estado liberal impõe esse elemento de estrangulamento à organização sindical, por exemplo, também não tem sentido de politizar o debate, mas sim vencer a modesta organização de homens e mulheres explorados no mundo do trabalho. Novamente impor derrocada a qualquer capacidade de resistência e deixar livres as regras mercadológicas.

Um elemento central neste processo de dominação é o uso intensivo da tecnologia da comunicação, que atualmente, para além de impor derrotas construídas meticulosamente às diversas formas de organização social libertárias, ganha eleições em todo o mundo, impondo o desejo das elites mundiais a todos os seus vassalos. Todos e todas.

Grosso modo, resistir sem organizar com a finalidade de contra-atacar e até atacar, é perder a guerra. Ser sufocado, asfixiado, estrangulado, vencido.

Com isso, impõe-se o fato de que o financiamento da organização social libertária seja profissionalizado. Tratadas como políticas. Construídas pedagogicamente como processos politizantes e assim, definitivamente, abandonemos visões preconceituosas que ligam a autossustentabilidade ao assistencialismo. Autossustentabilidade é uma estratégia para ganharmos a guerra.

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